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Offboarding: Como Tornar o Processo Demissional Mais Eficiente

Foto do escritor: RHEIS ConsultingRHEIS Consulting

Ao contrário do onboarding, o offboarding, que pode ser traduzido livremente como "desembarque", trata do processo de desligamento do funcionário de uma empresa.


A etapa de offboarding é crucial no ciclo de vida do funcionário dentro de uma organização. Embora esse momento seja, muitas vezes, visto com um tom negativo, ele pode ser uma oportunidade para aprender e melhorar processos organizacionais, além de manter um relacionamento positivo com os ex-colaboradores.


Ao conduzir o desligamento de forma estruturada, as empresas podem garantir a continuidade dos negócios e até mesmo contribuir para o desenvolvimento de seus colaboradores em novas fases da vida. Vamos explorar como conduzir este processo de maneira eficaz e estratégica.


O que sua empresa deve considerar no processo de Offboarding


1. Estabeleça os Procedimentos Formais


A primeira etapa fundamental para um processo de offboarding eficiente é garantir que todas as formalidades estejam organizadas e prontas para serem executadas de maneira clara e eficiente. Para isso, é essencial mapear todo o processo de desligamento, detalhando cada etapa e identificando claramente os responsáveis por cada uma delas.


Defina, por exemplo, um prazo para a comunicação formal do desligamento ao colaborador, garantindo que o aviso seja dado de forma adequada, com tempo suficiente para que ele possa se preparar para a transição. Isso inclui esclarecer se o desligamento será voluntário ou involuntário, além de comunicar de maneira respeitosa e transparente a decisão.


Certifique-se de que todas as pendências financeiras entre a empresa e o colaborador sejam resolvidas antes da sua saída. Isso inclui o pagamento de salários, benefícios, bônus e eventuais horas extras. Verifique também se os documentos necessários, como o termo de rescisão de contrato e a homologação (se aplicável), estão completos e corretos, questões contratuais etc evitando complicações jurídicas.


Acompanhando todas essas etapas, a organização minimiza riscos de litígios legais e mantém a relação com o ex-colaborador pautada pela confiança, garantindo uma saída amigável e profissional.


2. Prepare as Lideranças para esta Etapa


Gerenciar o desligamento de um colaborador vai além de uma formalidade burocrática; é um processo que envolve sensibilidade, empatia e planejamento. Quando as lideranças estão bem preparadas, elas conseguem lidar com a situação de forma que minimiza os impactos negativos para a equipe e para o próprio colaborador.


Por exemplo, um gestor que, durante uma reunião de desligamento, reconhece as contribuições do colaborador e lhe oferece um feedback construtivo sobre seu desempenho pode deixar uma impressão positiva, mesmo em um momento difícil.


Um exemplo prático é o caso de uma empresa que treina seus gestores para identificar sinais de desconforto ou insegurança nos colaboradores que estão sendo desligados, permitindo que eles abordem a situação de forma cuidadosa. As lideranças podem, ainda, ser orientadas a compartilhar recursos de apoio psicológico, como programas de assistência aos empregados, para ajudar na adaptação emocional durante o processo de saída.


3. A Entrevista de Desligamento


A entrevista de desligamento é uma ferramenta poderosa para o Recursos Humanos (RH). Ela oferece uma visão valiosa sobre a experiência do colaborador na empresa, ajudando a identificar pontos fortes e áreas de melhoria. Quando bem conduzida, a entrevista pode revelar insights sobre a cultura organizacional, a eficácia de políticas internas e a satisfação do colaborador com os processos da empresa.


Por exemplo, um colaborador pode apontar, durante a entrevista de desligamento, que os processos de comunicação interna são ineficazes ou que as oportunidades de desenvolvimento profissional são limitadas. Esse feedback pode ser utilizado para reformular os processos de integração ou onboarding, treinamento e retenção de talentos.


Um caso real de sucesso ocorreu quando uma empresa, ao coletar feedbacks recorrentes sobre o ambiente de trabalho durante as entrevistas de desligamento, identificou que a falta de flexibilidade no horário de trabalho era uma das principais causas de turnover. Com isso, a empresa implementou um modelo híbrido de trabalho para alguns setores e funcionários, que reduziu significativamente a rotatividade e custos.


4. Outplacement: Apoio do RH na Recolocação Profissional do Ex-Colaborador


O outplacement, ou recolocação profissional, é uma prática importante que o RH pode adotar para apoiar os ex-colaboradores em sua transição para o mercado de trabalho. Oferecer esse tipo de suporte ajuda a manter uma boa relação com o colaborador e fortalece a imagem da empresa, que demonstra um compromisso contínuo com o bem-estar de seus profissionais, mesmo após o término do vínculo empregatício.


Um exemplo de outplacement eficaz seria a oferta de serviços de consultoria para revisão de currículo, orientação sobre como se destacar em entrevistas e dicas sobre networking¹. Em grandes empresas, esse serviço pode ser mais estruturado, oferecendo até sessões de coaching de carreira, como ocorre em multinacionais que promovem a recolocação de executivos que estão sendo desligados. Isso é especialmente útil em setores com alta competição, como o de tecnologia, onde ex-colaboradores podem ter um acesso mais rápido a oportunidades em outras empresas do setor.


Preparação para Aposentadoria: O Papel do RH no Planejamento do Futuro do Colaborador


À medida que os colaboradores se aproximam da aposentadoria, o RH pode ser um facilitador importante no processo de transição. A preparação para aposentadoria envolve mais do que apenas discutir aspectos financeiros; ela também deve considerar o aspecto psicológico e social dessa mudança. O RH pode ajudar os funcionários a planejar essa fase por meio de workshops de educação financeira, aconselhamento sobre gestão de investimentos e projetos de vida pós-carreira.


Um exemplo disso ocorreu em uma grande empresa do setor Industrial, que implementou um programa de aposentadoria que incluía não só orientação sobre benefícios financeiros, mas também sessões de coaching sobre como lidar com a transição para a aposentadoria e como encontrar novos projetos de vida. Esse tipo de apoio ajuda o colaborador a se sentir mais preparado e menos ansioso sobre a transição, garantindo que ele saia da empresa com uma visão positiva e com um plano para o futuro.


Pontos Positivos de um processo de Offboarding bem estruturado


  1. Melhora da Imagem da Empresa: Quando conduzido de forma respeitosa e cuidadosa, o processo de offboarding pode fortalecer a reputação da empresa. Colaboradores que têm uma experiência positiva ao sair podem se tornar defensores da marca, recomendando a empresa para outros profissionais ou até retornando em uma nova posição no futuro.

  2. Identificação de Áreas de Melhoria: A entrevista de desligamento oferece uma oportunidade para identificar áreas que precisam de melhorias dentro da organização. O feedback honesto dos colaboradores pode fornecer informações valiosas sobre problemas de gestão, cultura organizacional, processos internos e outros aspectos que podem ser ajustados para melhorar a experiência dos funcionários restantes.

  3. Prevenção de Retorno de Talentos: Embora pareça contraditório, um bom offboarding pode abrir portas para uma futura reincorporação do colaborador. Quando os profissionais sentem que saem de maneira positiva e respeitosa, há mais chance de voltarem à empresa quando surgirem novas oportunidades.

  4. Apoio à Recolocação Profissional: Programas de outplacement demonstram o compromisso da empresa com o bem-estar do colaborador, oferecendo suporte na transição para novos empregos. Isso pode aliviar o impacto emocional e financeiro do desligamento, ajudando o colaborador a encontrar uma nova posição mais rapidamente.

  5. Preparação para Aposentadoria: Oferecer apoio e educação financeira aos colaboradores que estão prestes a se aposentar é uma maneira de retribuir o trabalho e dedicação ao longo dos anos, além de ajudá-los a se planejar adequadamente para a nova fase de suas vidas.

  6. Contribuição para a Cultura Organizacional: O offboarding bem executado pode reforçar a cultura organizacional de respeito e valorização dos colaboradores. Isso cria um ambiente onde os funcionários se sentem valorizados, mesmo ao se despedirem da empresa, o que fortalece a relação com a marca.


Pontos Negativos da Ausência de um Processo de Offboarding


  1. Possível Baixa de Moral: Se o processo de desligamento não for bem conduzido, pode gerar desconfiança entre os funcionários restantes. Caso o offboarding seja tratado de maneira impessoal ou negativa, o restante da equipe pode perceber a empresa como desleal ou pouco comprometida com o bem-estar de seus colaboradores.

  2. Exposição de Vieses ou Críticas Negativas: A entrevista de desligamento pode revelar críticas contundentes sobre a empresa, líderes ou a cultura organizacional. Se essas informações não forem bem tratadas, podem gerar desconforto ou prejudicar a imagem da empresa, especialmente se as críticas forem amplamente compartilhadas.

  3. Desafios no Suporte à Recolocação Profissional: Embora o outplacement seja um benefício significativo, ele envolve custos e recursos para a empresa, o que pode não ser viável para todas as organizações. Além disso, a assistência na recolocação pode ser vista como uma responsabilidade excessiva se não for bem implementada.

  4. Riscos de Perda de Conhecimento e Experiência: Quando um colaborador deixa a empresa, especialmente se for alguém com muitos anos de experiência, há o risco de perda de conhecimento valioso. Isso pode ser um desafio para a empresa, que precisa encontrar maneiras de preservar e transferir esse conhecimento para os membros da equipe restantes.

  5. Impacto no Engajamento da Equipe: Se os colaboradores veem colegas sendo tratados de forma fria ou desrespeitosa durante o desligamento, isso pode impactar o moral e o engajamento do time. A forma como uma empresa lida com os desligamentos pode afetar a confiança e o comprometimento dos funcionários restantes.

  6. Possibilidade de Desistência do Colaborador: Em alguns casos, se o offboarding não for bem planejado, o colaborador pode decidir não cumprir com seus compromissos durante o período de transição. Isso pode criar desafios para a empresa, especialmente se o colaborador precisar passar conhecimento ou concluir projetos antes de sair.


Conclusão


O processo de offboarding, quando bem estruturado e executado, vai além de uma simples formalidade de desligamento; ele é uma oportunidade estratégica para as empresas aprenderem, melhorarem e fortalecerem seu relacionamento com os colaboradores, mesmo após o fim do vínculo empregatício.


Ao adotar boas práticas, como a preparação das lideranças, a condução eficaz de entrevistas de desligamento, o apoio à recolocação profissional por meio do outplacement, a preparação para aposentadoria e a criação de programas de expatriação para executivos, as empresas não apenas garantem uma transição suave para seus colaboradores, mas também criam um ambiente organizacional mais saudável e eficiente.


Cada uma dessas etapas contribui para a construção de uma cultura organizacional baseada na empatia, no desenvolvimento contínuo e na valorização do ser humano em todas as fases da sua jornada profissional. Além disso, um offboarding bem executado pode gerar insights valiosos para a melhoria dos processos internos e da experiência dos colaboradores, o que, por sua vez, impacta positivamente a retenção de talentos e a reputação da empresa no mercado.


Portanto, ao enxergar o offboarding como um processo estratégico e integrado, as empresas podem criar um ciclo virtuoso que beneficia tanto a organização quanto seus colaboradores, agora e no futuro.



 

¹Networking é uma prática que consiste em criar e manter uma rede de contatos profissionais, com o objetivo de trocar ideias, experiências, conhecimentos e serviços. O termo vem do inglês "network", que significa rede de relacionamentos.

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