A Inteligência Artificial (IA) tem revolucionado diversos setores da sociedade, e o mercado de trabalho não é exceção. Desde sua concepção na década de 1950, a IA evoluiu de forma exponencial, tornando-se uma ferramenta essencial para otimizar processos, aumentar a produtividade e melhorar a experiência dos colaboradores. No entanto, sua adoção também traz desafios, especialmente no que diz respeito à ética, privacidade de dados e a necessidade de capacitação dos profissionais.
O uso de Inteligência Artificial (IA) no RH e em outras áreas dentro das empresas triplicou em 2018, de acordo com o levantamento 2019 CIO Survey do Grupo Gartner. Realizada com mais de 3 mil CIOs de 89 países, a pesquisa constata que diante de desafios como a escassez de talentos, a IA pode ser um ponto de virada para as organizações e deve ser adotada o quanto antes.
“Se você é CIO e sua empresa não utiliza IA, as chances de seus concorrentes usarem são grandes e isso deveria lhe preocupar”, afirma Chris Howard, Vice-Presidente de Pesquisa do Grupo Gartner.
Um estudo recente da Oracle mostrou que mais de 1/3 dos profissionais acredita que a IA tem a capacidade de potencializar as experiências de clientes e funcionários. No caso do RH a IA tem o poder de impactar diretamente em contratações mais assertivas, processos mais precisos e rápidos e consequentemente traz maiores resultados e chances de retenção de talentos.
Ou seja, quando se fala que a inteligência artificial humaniza o RH, estamos dizendo que a tecnologia é capaz de abrir espaço para que os profissionais dessa área se dediquem mais a gestão de pessoas e menos a rotinas burocráticas e repetitivas.
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A Evolução da IA e sua Aplicação no RH
A IA começou a ganhar destaque com o Teste de Turing, proposto por Alan Turing em 1950, que buscava avaliar a capacidade das máquinas de imitar o comportamento humano. Desde então, a tecnologia avançou significativamente, passando por marcos como o desenvolvimento do primeiro chatbot (ELIZA, em 1965) e a derrota do campeão mundial de xadrez Garry Kasparov pelo supercomputador Deep Blue em 1996.
Hoje, a IA está presente em diversas áreas do cotidiano, desde assistentes virtuais como Siri e Alexa até sistemas de navegação como Google Maps e Waze. No contexto corporativo, a IA tem sido amplamente adotada para automatizar tarefas repetitivas, analisar grandes volumes de dados e fornecer insights valiosos para a tomada de decisões.
No setor de Recursos Humanos (RH), a IA tem sido utilizada para otimizar processos de recrutamento e seleção, onboarding, gestão de desempenho e desenvolvimento de talentos. Plataformas como a FactorialRH, por exemplo, já integra IA em suas funcionalidades, facilitando desde a gestão de documentos até o controle de horários e avaliações de desempenho.
5 pontos em que a IA auxilia o RH
A IA oferece inúmeras oportunidades para o RH, especialmente no que diz respeito à eficiência e à personalização dos processos. Algumas das principais aplicações incluem:
Recrutamento e Seleção: A IA pode automatizar a triagem de candidatos, identificar habilidades relevantes e até mesmo realizar entrevistas preliminares por meio de chatbots. Isso reduz o tempo de contratação e aumenta a assertividade na seleção de talentos.
Onboarding: A IA pode facilitar o processo de integração de novos colaboradores, automatizando tarefas como a validação de documentos e o direcionamento de informações relevantes.
Gestão de Desempenho: A IA pode analisar dados de desempenho e sugerir planos de desenvolvimento individualizados para os colaboradores, além de fornecer feedback em tempo real.
Engajamento e Retenção: A IA pode identificar sinais de desengajamento ou risco de saída voluntária, permitindo que as empresas tomem medidas proativas para reter seus talentos.
Educação Corporativa: A IA pode personalizar trilhas de aprendizagem, criar conteúdos educativos e fornecer microlearning integrado ao fluxo de trabalho.
Desafios da IA no RH
Apesar dos benefícios, a adoção da IA no RH também apresenta desafios significativos. Um dos principais é a preocupação com a ética e a privacidade dos dados. A coleta e análise de grandes volumes de informações pessoais exigem que as empresas adotem medidas robustas de segurança e conformidade com regulamentações como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Outro desafio é o viés algorítmico. Como os sistemas de IA são treinados com base em dados históricos, eles podem perpetuar vieses existentes, como discriminação de gênero, raça ou idade. Para mitigar esse risco, é essencial que as empresas adotem práticas de transparência e auditoria dos algoritmos.
Além disso, a capacitação dos profissionais de RH é um ponto crítico. A IA exige que os profissionais desenvolvam novas habilidades, como a capacidade de interpretar dados, utilizar ferramentas de analytics e interagir com sistemas de IA de forma eficaz. A falta de conhecimento técnico pode limitar o potencial da tecnologia e gerar resistência à sua adoção.
O Futuro do RH com a IA
A IA está transformando o RH de uma função operacional para uma área estratégica, capaz de influenciar decisões corporativas e impulsionar o crescimento das organizações. No entanto, para aproveitar todo o potencial da tecnologia, as empresas precisam adotar uma abordagem holística, que inclua a capacitação dos colaboradores, a promoção de uma cultura de dados e a garantia de que a IA seja utilizada de forma ética e responsável.
Segundo o relatório do World Economic Forum, até 2027, 74,9% das empresas planejam implementar IA em seus processos, posicionando-a como uma das tecnologias mais estratégicas para o futuro do trabalho. Para os profissionais de RH, isso significa uma oportunidade única de assumir um papel central na transformação digital das organizações.
Conclusão
A Inteligência Artificial chegou para ficar e seu impacto no RH é inegável. Ao otimizar processos operacionais, a IA libera tempo para que os profissionais de RH se concentrem em atividades estratégicas, como o desenvolvimento de talentos e a criação de uma cultura organizacional engajadora. No entanto, a adoção da tecnologia exige cuidado, especialmente no que diz respeito à ética, privacidade e capacitação dos colaboradores.
Como afirmou Alan Turing, "Nós só podemos ver um pouco do futuro, mas o suficiente para perceber que há muito a fazer". A IA é uma ferramenta poderosa, mas seu sucesso depende da forma como é utilizada. As empresas que conseguirem integrar a IA de forma ética e estratégica estarão melhor posicionadas para enfrentar os desafios do futuro do trabalho.
Sugestão de Livros:
Você, Eu e os Robôs: Como se Transformar no Profissional Digital do Futuro (Martha Gabriel).
A próxima onda: Inteligência artificial, poder e o maior dilema do século XXI (Mustafa Suleyman, Michael Bhaskar);
A era da IA: e nosso futuro como humanos (Eric Schmidt, Daniel Huttenlocher, Henry A. Kissinger);
Inteligência Artificial - Do Zero ao Metaverso (Martha Gabriel);
O futuro da inteligência artificial: de ameaça a recurso (Kevin Scott, Greg Shaw);
Inteligência Artificial (Rony Vainzof, Andriei Guerrero Gutierrez);
A economia da inteligência artificial: como a IA está transformando o trabalho, a riqueza e o progresso (Roger Bootle);
Inteligência artificial (Kai-Fu Lee, Marcelo Barbão);
2041: Como a inteligência artificial vai mudar sua vida nas próximas décadas (Kai-Fu Lee, Chen Qiufan);
Inteligência Artificial - Uma Abordagem de Aprendizado de Máquina (André Carlos Ponce de Leon Ferreira).
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