Vivemos na chamada Quarta Revolução Industrial, classificada assim graças às transformações trazidas pela era digital que introduziu diversas novas tecnologias nos processos empresariais. Uma das provas disso é que o uso de Inteligência Artificial (IA) no RH e em outras áreas dentro das empresas triplicou em 2018, de acordo com o levantamento 2019 CIO Survey do Grupo Gartner.
Realizada com mais de 3 mil CIOs de 89 países, a pesquisa constata que diante de desafios como a escassez de talentos, a IA pode ser um ponto de virada para as organizações e deve ser adotada o quanto antes.
“Se você é CIO e sua empresa não utiliza IA, as chances de seus concorrentes usarem são grandes e isso deveria lhe preocupar”, afirma Chris Howard, Vice-Presidente de Pesquisa do Grupo Gartner.
Ainda assim, especialistas ressaltam que as primeiras experiências têm grandes chances de fracassar por não estarem exatamente alinhadas aos requisitos do negócio e falta de agilidade. Por isso, é fundamental que gestores e líderes entendam o que de fato é esse recurso, como ele pode gerar valor e quais são suas limitações.
Automatizar, agilizar e tornar os processos mais assertivos. Quando falamos de RH e de automatização esses são os principais objetivos a serem alcançados. Mas será que a inteligência artificial humaniza o RH?
Essa é a grande questão que tanto as empresas como os profissionais do setor fazem todos os dias. Além de se perguntarem se a IA pode substituir todo o fator humano do RH?
Um estudo recente da Oracle mostrou que mais de 1/3 dos profissionais acredita que a IA tem a capacidade de potencializar as experiências de clientes e funcionários. No caso do RH a IA tem o poder de impactar diretamente em contratações mais assertivas, processos mais precisos e rápidos e consequentemente traz maiores resultados e chances de retenção de talentos.
Ou seja, quando se fala que a inteligência artificial humaniza o RH, estamos dizendo que a tecnologia é capaz de abrir espaço para que os profissionais dessa área se dediquem mais a gestão de pessoas e menos a rotinas burocráticas e repetitivas.
Leia também: Ferramentas de Inteligência Artificial (IA).
A relação do RH e a IA
O RH passou por uma grande transformação nos últimos anos. Com o avanço da tecnologia a busca pela “perfeição” se tornou quase que palpável. Isso porque por meio da automatização do setor muitos problemas foram sanados e corrigidos, permitindo maior assertividade em decisões e em processos rotineiros do setor.
Afinal, a IA tem a capacidade de proporcionar maior tempo aos profissionais desse setor para se dedicarem a ações que realmente importam na Gestão de Pessoas. E tempo no mercado atual é sinal de dinheiro.
Portanto, dizer que a inteligência artificial humaniza o RH é mais correto do que dizer que ela tomará o lugar dos humanos. Ela deve ser vista como uma ferramenta de apoio e suporte totalmente benéfica se bem utilizada.
6 pontos em que a IA auxilia o RH
Diante desse cenário em que podemos dizer que a inteligência artificial auxilia o RH, elencamos alguns dos pontos de destaque que contribuem para essa ajuda. Confira abaixo os principais.
1. Otimiza a análise de perfil dos candidatos
Uma das rotinas que mais toma tempo dos profissionais de RH é o processo de recrutamento. Olhar currículo por currículo, analisar quais perfis se encaixam com o que você procura e acertar a mão na hora de escolher não é tarefa fácil, ainda mais se o processo for manual.
Com a evolução tecnológica a otimização na análise de perfil dos candidatos se tornou rápida e muito mais precisa. Nesse caso podemos dizer que a inteligência artificial humaniza o RH, pois, ela permite uma análise mais estratégica na escolha.
Para exemplificar, atualmente diversos sites de recrutamento, selecionam perfis de forma automática e repassam as empresas conforme as diretrizes e características que a empresa busca.
Em poucos cliques a empresa tem perfis de candidatos muito próximos a sua necessidade.O que você demoraria horas para fazer, com a IA pode ser feito em minutos.
2. Personaliza a jornada do colaborador
Os profissionais do mercado atual querem ser tratados de forma diferenciada e individualizada. Uma vez que, o que pode ser bom para um pode não ser para outro. Com a IA existe uma gama de informações de cada funcionário que é levantada constantemente capaz de permitir a empresa detectar as necessidades de cada um, individualmente.
E não só isso, com a IA o RH tem um suporte maior para que os colaboradores resolvam seus problemas na empresa de maneira mais eficaz. Diminuindo as chances de erro nas execuções de tarefas e proporcionando ao próprio RH mais tempo para questões estratégicas. Se inteligência artificial humaniza o RH a personalização da jornada do colaborador é parte fundamental dessa experiência.
3. Flexibiliza as jornadas de trabalho
Trabalhar em home-office se tornou uma tendência, graças a flexibilização das jornadas de trabalho que as empresas adotaram. Nos últimos três anos segundo pesquisa da empresa Robert Half, o trabalho em home-office teve aumento de 47%.
Isso demonstra uma aceitação maior tanto dos funcionários como das empresas para jornadas de trabalho flexíveis, que focam muito mais nos resultados do que nas horas trabalhadas. Propondo inclusive jornadas mais curtas, trabalho remoto e etc. Mas o que a IA tem a ver com isso e como a inteligência artificial humaniza o RH neste sentido? Simples, essa flexibilidade ocorre também graças a tecnologia.
Reuniões antes presenciais podem ser feitas via Skype, dados do trabalho podem ser acessados de qualquer lugar na nuvem, o e-mail pode suprir alguma demanda, sem contar os diversos softwares de gestão que permitem um acompanhamento do trabalho.
4. Proporciona uma avaliação de desempenho de forma eficaz
Uma boa avaliação de desempenho no atual mercado não só depende de uma visão crítica e justa dos líderes, mas de algo mais concreto e palpável. Neste sentido os softwares de desempenho podem ajudar.
Visto que eles apresentam dados mais assertivos que ficam demarcados por um período estipulado e que revelam pontos fracos, fortes, erros e acertos dos colaboradores.
Podemos então considerar que assim a inteligência artificial humaniza o RH. Uma vez que por meio da tecnologia o gestor poder ter em mãos informações que podem ser aplicadas para que haja uma evolução profissional estratégica do time.
Logo, a IA entrega os dados analíticos e o gestor é o responsável por avaliar essas informações, analisar os colaboradores em questão e fazer seu pré-julgamento para a melhor tomada de decisão para a empresa e para o profissional avaliado.
5. Elimina possíveis erros em processos burocráticos
O processo manual sempre traz consigo uma possibilidade enorme de erros e problemas. Sem contar que quando a complexidade é maior, o número de pessoas envolvidas para resolvê-los é maior.
Podemos citar aqui os processos de pagamento, um dos mais complexos das empresas pela quantidade de informações distintas. Desde o pagamento de salários e o depósito em contas diferentes, ao FGTS e outros descontos.
Neste sentido a inteligência artificial humaniza o RH, pois agiliza o trabalho burocrático, automatizando-o, transformando-os em processos mais eficientes e com menos erros. Facilitando assim a gestão financeira e de pessoas.
6. Clima organizacional
A Inteligência Artificial no RH também tem um papel importante para a melhoria do clima organizacional. Com um sistema que te ajuda a aplicar a pesquisa de clima e a fazer a análise dos dados com os resultados obtidos e os relatórios gerados, você consegue pensar em ações mais específicas para manter o engajamento dos colaboradores.
Na prática, como funciona? Bem, usando um software que utiliza a inteligência artificial para te ajudar a compilar e a fazer a análise dos dados, você garante maior assertividade e eficiência nessa avaliação das informações. Além de otimizar o seu tempo, isso te ajuda a planejar quais são os próximos passos para ter um ambiente ainda melhor em sua organização!
O que o RH ganha com a IA?
Criou terreno para decisões mais rápidas e mais eficazes;
Acelerou a comunicação entre o RH e outros setores das empresas;
Facilitou o reconhecimento de padrões e tendência;
Permitiu a elaboração de modelos e projeções mais amplos e muito mais precisos;
Transformou a tentativa e erro em um processo quase indolor;
Possibilidade controle mais próximo de grandes quadros de colaboradores;
Avaliações à distância mais eficazes;
Rapidez de comunicação e propagação.
O RH tornou-se um departamento mais relevante. Suas análises e relatórios, hoje permeados com tecnologia e informações massivas e relevantes resumidas a tendências e, às vezes, umas poucas tabelas e gráficos, transformou um departamento antiquado e visto como custoso para as empresas em algo essencial no processo de decisões globais da organização.
Sem estudar e avaliar as tendências de comportamento e produtividade das pessoas, as empresas ficavam no escuro para tomar decisões em relação ao pessoal – era tudo meio que um tiro no escuro. Com as informações proporcionadas pela inteligência artificial, padrões e modelos apontam tendências e projeções que facilitam decisões, mesmo quando tomadas com meses ou anos de antecedência.
É a tecnologia transformando algo totalmente subjetivo em um universo praticamente que matemático. Isso é o grande divisor de águas existente nas inovações que vemos hoje: dados de RH e pessoal, antes visto como uma coisa caótica e sem organização pelas direções das empresas, hoje podem ser tratados como mais um braço importante de relatórios e números a serem analisados a cada nova decisão.
Algoritmos em tudo
Sim, é a realidade que vemos hoje. Bem, os profissionais hoje começam a se submeter aos algoritmos que um dia serão usados para definir seus perfis e qualificações em vagas de emprego ainda quando crianças ou adolescentes.
Ao usar redes sociais como Facebook, LinkedIn, Instagram e tantas outras, essas pessoas deixam rastros de sua personalidade, comportamento e até mesmo gostos e competências, os quais serão usados futuramente por empresas não apenas para realizar triagens em candidatos durante processos de seleção, mas também para criar testes, entrevistas e rotinas capazes de avaliar melhor as competências desses profissionais.
A era da personalização atingiu seu ápice e o mais provável é que nos próximos anos vejamos processos de recrutamento que submetem cada um dos candidatos a análises completamente diferentes e personalizadas.
Os algoritmos criaram essa possibilidade. Essas fórmulas e padrões matemáticos são um avanço de duas faces. Por um lado, eles permitem que generalizemos grandes grupos de pessoas, enquadrando-as em categorias similares por conta de comportamentos ou perfis que se assemelham.
Por outro lado, permitiram também apontar desvios e diferenças de cada um em relação à média, sugerindo melhorias individualmente, sem perder o foco no volume e no massivo.
As praticidades na rotina de RH com base na IA
Em meio à evolução tecnológica podemos dizer que a inteligência artificial humaniza o RH, pois ela traz maior praticidade a diversas rotinas do RH. No início desse artigo lançamos a seguinte pergunta: “A IA pode substituir o fator humano do RH?” Com tudo que apresentamos ao longo desse texto a resposta é “não”.
Atualmente a IA serve como ferramenta de suporte, apresentado dados precisos, mas não é racional como o humano. Isto é, se ela é minuciosa e assertiva no que a apresenta, ainda é o gestor (humano) que tem a capacidade de avaliação e o poder de decisão para escolher o melhor caminho. O fator humano, então, é imprescindível até o momento no RH.
Contudo, é fundamental considerar que inteligência artificial humaniza o RH, já que proporciona todo o suporte necessário para que os profissionais do setor eliminem diversas rotinas burocráticas.
Riscos
Claro, há também riscos do uso de inteligência artificial para lidar com pessoas. Podemos nos tornar mais insensíveis e perder nossa sensibilidade e humanidade. Avaliar pessoas por meio de algoritmos é uma forma de agilizar processos, mas não podemos esquecer de manter o contato humano como sendo a palavra final na coisa toda.
A inteligência artificial tem, ao mesmo tempo, a capacidade de aproximar e facilitar relacionamentos, especialmente em empresas com grandes quadros de funcionários. Contudo, sem controle e comedimento, ela pode destruir e tornar obsoletos todos esses relacionamentos, criando uma organização que funciona com base na eficiência, mas se esquece de seus valores humanos – algo que o RH, sempre que possível, não deve permitir.
A inteligência artificial pode ainda criar uma ideia falsa de que as coisas simplesmente andam sozinhas. Ainda que processos sejam automatizados e ganhos e sinergias ocorram em todas as áreas, o ser humano ainda é o grande decisor.
O profissional de recursos humanos não terá um trabalho mais tranquilo, ele apenas deixará de lidar com boa parte do operacional que toca hoje e passará a assumir tarefas mais estratégicas.
A RHEIS Consulting trabalha juntamente com empresas de tecnologia que auxiliam o processo de desenvolvimento pessoal. Uma dessas empresas possui sistema de IA para mapeamento do cérebro para analisar os tipos de comportamentos e o que motiva o indivíduo. Testes já publicados em revistas científicas dos EUA.
Acesse os melhores sistemas e ferramentas para Gestão de Pessoas, Recursos Humanos (RH) ou Departamento Pessoal da sua Empresa.
Sugestão de Livros:
Você, Eu e os Robôs: Como se Transformar no Profissional Digital do Futuro (Martha Gabriel).
A próxima onda: Inteligência artificial, poder e o maior dilema do século XXI (Mustafa Suleyman, Michael Bhaskar);
A era da IA: e nosso futuro como humanos (Eric Schmidt, Daniel Huttenlocher, Henry A. Kissinger);
Inteligência Artificial - Do Zero ao Metaverso (Martha Gabriel);
O futuro da inteligência artificial: de ameaça a recurso (Kevin Scott, Greg Shaw);
Inteligência Artificial (Rony Vainzof, Andriei Guerrero Gutierrez);
A economia da inteligência artificial: como a IA está transformando o trabalho, a riqueza e o progresso (Roger Bootle);
Inteligência artificial (Kai-Fu Lee, Marcelo Barbão);
2041: Como a inteligência artificial vai mudar sua vida nas próximas décadas (Kai-Fu Lee, Chen Qiufan);
Inteligência Artificial - Uma Abordagem de Aprendizado de Máquina (André Carlos Ponce de Leon Ferreira et al. CARVALHO).
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