É um momento de alarme e apreensão inéditos na sociedade moderna. Com a propagação do vírus Covid-19, responsável pelos sintomas do novo coronavírus, muitos se veem diante de nomenclaturas, termos e cuidados que podem confundir e levar à má interpretação das melhores práticas para combater a pandemia.
Vamos direto ao ponto: lockdown é um termo em inglês (que pode ser traduzido como confinamento) para remeter à decisão de bloqueio total de uma região. Essa decisão pode vir em decreto imposto pelo Estado e também pela Justiça, sendo a medida mais rígida para controlar situações consideradas extremas.
Em tempos de guerra, por exemplo, o lockdown pode vir a ser decretado. Mas estamos vivendo uma situação em que muitos países e estados e municípios brasileiros já adotaram: uma solução emergente para conter a proliferação acelerada do vírus Covid-19.
Atualmente, grandes centros do país, como Rio de Janeiro e São Paulo, estão sob alerta máximo. Afinal, ambos os estados estão tentando amenizar o impacto do vírus por meio da quarentena, que é uma medida mais branda de confinamento — embora o lockdown já seja recomendado tanto para um quanto para o outro.
Como funciona o lockdown?
No caso do coronavírus, o lockdown tem sido usado para reduzir o ritmo de crescimento de casos. Com isso, o sistema de saúde de cada país consegue planejar-se para atender os pacientes com qualidade e melhor monitoramento dos avanços da doença. Por consequência, é possível reduzir:
a taxa de mortalidade;
o número de leitos ocupados nos hospitais;
a quantidade de casos simultaneamente.
Por sua vez, países que têm resistido ao lockdown, mesmo em situações de emergência, observaram uma escassez de insumos e leitos, nos hospitais, o que agrava a crise de saúde porque mais pessoas ficam à mercê da própria sorte nessas situações.
Não é raro presenciar nos noticiários, atualmente, as ocorrências de óbitos em casa. Muitas vezes, porque os pacientes não encontraram acesso facilitado ao atendimento profissional em hospitais.
Daí, a importância do lockdown: atuar em múltiplas frentes para prevenir um aumento exponencial de casos (ainda de acordo com as características do coronavírus) e, assim, ajudar a preparar o sistema de saúde a ter as melhores condições de atendimento em curto, médio e longo prazo.
Mas como o lockdown tem funcionado? Isso tem variado de acordo com as decisões tomadas por cada nação, mas a regra básica é: os cidadãos só podem ir às ruas em situações emergenciais. E o comércio que pode manter as portas abertas são aqueles cujas funções são essenciais para a sociedade, como:
farmácias;
hospitais;
supermercados;
estabelecimentos que, segundo decisões soberanas da nação, prestem serviços essenciais.
As fronteiras também costumam ser fechadas — seja rodoviária, ferroviária e aérea, entre outras — e casos excepcionais devem ser analisados individualmente. O que diferencia o lockdown de outras opções de isolamento?
Desde que a Covid-19 desembarcou no país e disparou uma série de alertas na população, uma série de medidas preventivas e de contenção do contágio do vírus foram discutidas.
Entre elas, algumas medidas menos drásticas do que o lockdown, e que têm buscado a manutenção da produtividade social sem grandes prejuízos. Até por isso, o home office se tornou uma modalidade bastante comum de produção corporativa, nos últimos meses.
Vamos entender, então, quais são essas outras medidas e como funciona.
Distanciamento Social Seletivo
Essa é uma medida que alguns países adotaram quando o vírus ainda era um desconhecido agente nocivo espalhando-se pelo mundo. Inclusive, atualmente é a solução defendida pelo presidente do Brasil.
No distanciamento social seletivo, o comércio é reaberto gradualmente (também em decretos definidos pelos agentes públicos), mas apenas uma parcela da população é mantida em quarentena — aquela considerada como fator de risco para a doença, como:
idosos;
pessoas com doenças crônicas (como diabetes);
pacientes em condições de risco e agravamento dos sintomas da doença, como gestantes.
Esse tipo de distanciamento é também conhecido como isolamento vertical, e países europeus já descartaram a continuidade dessa medida. Bom exemplo disso é o Reino Unido, que iniciou o combate à Covid-19 por meio desse tipo de distanciamento, mas adotou o lockdown semanas depois, quando o número de casos decolou, nas estatísticas, bem como a ocorrência de óbitos e o risco de colapsar todo o sistema de saúde.
Distanciamento Social Ampliado
O distanciamento social ampliado é uma medida que vale para toda a população, diferentemente do caso que vimos acima. Cabe aos gestores públicos o decreto desse tipo de medida, e que tem como objetivo também a redução da curva de contágio do vírus e, assim, gerar uma resposta hábil dos pacientes recuperados — o que expande a capacidade de atendimento dos hospitais gradualmente.
No Brasil, essa é a solução adotada em grande parte dos estados. A quarentena é uma recomendação, acima de tudo, e com efeitos de suspensão de outros serviços não considerados fundamentais, para que grande parte da população permaneça em casa.
Sabemos, entretanto, que essa mudança brusca e impactante nos hábitos que mantínhamos há anos é, no mínimo, preocupante em muitos aspectos. Pessoas se queixam de problemas físicos e psicológicos consequentes das medidas de distanciamento social.
Entretanto, existem algumas soluções básicas e eficazes para minimizar esses impactos e valorizar, assim, a vida humana que pode ser perdida com a proliferação desenfreada da Covid-19 ao redor do país.
Isolamento Vertical e Horizontal
Isolamento Vertical
O isolamento vertical é uma forma de distanciamento social em que é impedida a circulação de pessoas pertencentes a um grupo de risco de determinada doença. Assim, indivíduos que podem, por exemplo, desenvolver a forma mais grave de uma doença são isolados, a fim de se impedir o contágio. Já os indivíduos menos vulneráveis continuam a realizar normalmente suas atividades.
No isolamento vertical, apenas os indivíduos mais vulneráveis permanecem em isolamento.
Esse tipo de isolamento é bastante defendido por grupos que acreditam que restringir a circulação de indivíduos menos vulneráveis pode afetar, por exemplo, a economia de uma região, pois diversas atividades são paralisadas.
No entanto, nem sempre se consegue isolar um indivíduo pertencente a um grupo de risco, de forma que ele não entre em contato, por exemplo, com seus familiares que podem continuar suas atividades. Esse é o caso de muitos idosos que vivem com filhos e netos. Ao saírem para trabalhar ou estudar, os familiares podem ser contaminados e, consequentemente, contaminar o idoso.
Isolamento Horizontal
O isolamento horizontal é uma forma de distanciamento social na qual ocorre a restrição de circulação do maior número de pessoas possível. Diversas atividades são paralisadas, ocorrendo, por exemplo, o fechamento de escolas e diversos comércios, permanecendo apenas os serviços essenciais, como hospitais, farmácias e supermercados. Esse tipo de isolamento busca frear de forma mais severa a transmissão de uma doença.
Essa forma de isolamento é bastante criticada por setores que alegam que a economia pode ser fortemente afetada, pois indivíduos que podem apresentar a forma leve da infecção estão sem trabalhar. No entanto, a OMS e diversos setores da saúde acreditam que esse tipo de distanciamento social é o ideal para o combate a uma doença, pois esse indivíduo que não pertence a um grupo de risco atua como um vetor, podendo transmitir, portanto, a doença a uma pessoa mais vulnerável.
Diante de pandemias, como a COVID-19, a maior preocupação é o grande aumento do número de casos, o que poderia desencadear o colapso dos sistemas de saúde. Alguns países, como a Coreia do Sul, tentaram o isolamento vertical e tiveram sucesso. No país sul-coreano, o diagnóstico da doença era feito de forma rápida e o paciente era isolado e monitorado, com isso, a disseminação do vírus foi controlada.
No entanto, essa não é a realidade de grande parte dos países. O Reino Unido, que inicialmente adotou o isolamento vertical, diante da possibilidade de colapso do seu sistema de saúde, teve que optar pela suspensão de diversas atividades.
Assim, como forma de evitar um grande aumento no número de casos e o colapso dos sistemas de saúde, além de um grande número de mortes, como tem sido observado em alguns países, como a Itália, a OMS recomenda o isolamento horizontal como melhor forma de se combater a disseminação do vírus causador da COVID-19.
O que é quarentena?
A quarentena consiste em um período em que pessoas saudáveis, mas que estiveram expostas a uma doença transmissível, seja por contato com um doente, seja por estar em regiões de surtos epidêmicos, têm sua liberdade de trânsito limitada. A quarentena também pode ser estabelecida para animais.
Embora o nome remeta a um período de quarenta dias, a duração da quarentena é determinada com base no período de incubação da doença, ou seja, o tempo que a doença leva para se manifestar. Essa medida de saúde pública busca, assim, controlar a disseminação da doença.
A quarentena diferencia-se do isolamento porque restringe o trânsito de pessoas sadias que teriam sido expostas a um agente infeccioso, podendo estar contaminadas. Já o isolamento é a separação dos indivíduos doentes, portadores de doenças contagiosas. O objetivo das duas medidas, no entanto, é o mesmo: evitar a propagação de determinada doença.
Embora a quarentena seja realizada principalmente em casos de surtos de doenças de grande transmissibilidade, essa prática é alvo de algumas críticas. Alguns autores consideram que a quarentena não seja algo realmente eficaz para conter a transmissão de doenças em casos de grandes surtos. Além disso, esse processo gera o questionamento de até onde vai o limite entre a proteção e o direito de liberdade do indivíduo.
Porque o isolamento total é tão resistido por diversas pessoas e agentes públicos?
O principal motivo é o seguinte: embora eficaz, essa drástica medida afeta o país em todas as suas outras funções. Afinal de contas, a sociedade, basicamente, para pelo período determinado de bloqueio total. E problemas secundários surgem nesse período, como o desemprego e o colapso da economia.
Com isso, surge a questão de equilibrar o cuidado com as vidas humanas, por conta da pandemia, e a crise financeira que vai ser inevitável independentemente das medidas adotadas. É um custo alto para a economia, e o lockdown é a solução que mais cobra o seu preço dos cidadãos posteriormente.
Fica, então, o grande debate de como pensar na saúde das pessoas e, ainda assim, manter uma sociedade funcional e segura. Acontece que 83% dos países afetados pelo coronavírus já implementaram o lockdown.
Isso ficou notório, tanto pela ineficácia das medidas anteriormente implementadas, quanto pelo crescente risco de ver os hospitais incapacitados de atender novos pacientes. E isso apenas alimenta que a solução prática para evitar uma crise de proporções ainda maiores, é o distanciamento social — em curto prazo, enquanto não existe uma vacina ou remédio comprovadamente eficaz no tratamento à doença.
O primeiro caso da doença ocorreu em dezembro de 2019, na China, e desde então o coronavírus se espalhou pelo planeta inteiro em quase 5 milhões de casos oficiais, com pouco mais de 320 mil óbitos oficialmente decretados no mesmo período.
No Brasil, já tem alguns estados que passaram a adotar o lockdown. São Luís e três outras cidades do Maranhão já estão em bloqueio total, assim como algumas cidades do Amazonas e alguns municípios do Pará (a capital, Belém, inclusa) e do Tocantins.
São Paulo e Rio de Janeiro, estados com o maior número de ocorrências do país, estão atentos às mudanças de dados estatísticos. Existem, inclusive, protocolos para a adoção da medida mais drástica de isolamento, mas que permanecem em espera para evitar uma crise ainda mais abrangente em todo o estado.
Como se proteger do coronavírus?
Viu como saber o que é lockdown pode ajudar você a tirar as melhores conclusões a respeito do assunto e, com isso, discutir com amigos e parentes as melhores soluções para evitar o aumento e a aceleração na propagação do vírus?
É claro que, além das medidas acima citadas ao longo do artigo, a população tem que fazer a sua parte. E isso inclui, principalmente, a atenção aos órgãos oficiais de saúde e as recomendações por eles transmitidas.
Para ajudar, nós fizemos um compilado de dicas de prevenção e que podem servir para minimizar o impacto do vírus na região onde você e a sua família vivem. Vejam só quais são:
lave as mãos com frequência — com água e sabão — por 20 segundos, pelo menos, sempre que higienizá-las;
lembre-se de esfregar os espaços entre os dedos, o dorso da mão e cavidades (dobras dos dedos e unhas) ao lavá-las;
desinfetantes para as mãos, que sejam à base de álcool 70%, é uma alternativa na ausência do sabão;
evite o contato próximo com pessoas — especialmente, quem apresentar sintomas da doença;
caso sinta algum sintoma, permaneça em casa e afaste-se de pessoas (inclusive, daquelas que vivem com você — e oriente-as a ficarem mais em casa, nesse período, também);
ao tossir ou espirrar, cubra a boca e o nariz com um lenço, e descarte-o no lixo logo em seguida;
evite tocar olhos, boca e nariz;
caso tenha que ir à rua, mantenha uma distância de um metro, no mínimo, entre as pessoas;
utilize, a todo momento, máscara de proteção que cubra a boca e o nariz;
ande sempre com álcool gel 70%, pois é uma medida eficaz de higienização. Especialmente, se você está na rua e tem contato com superfícies e materiais potencialmente contaminados.
Além disso, uma boa maneira de disseminar a informação correta é por meio do compartilhamento deste post nas suas redes sociais. Além disso, tem esse vídeo do Ministério da Saúde, que explica também sobre a prevenção do novo coronavírus de maneira simples e bastante didática.
Use-o também para evitar a proliferação de fake news e, assim, você passa a espalhar informações de qualidade na internet e contribuir com o conhecimento de mais pessoas a respeito do que é lockdown e como combater a Covid-19.
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