Campanha #DemitaExtremistas
- Mike Reis

- 15 de set.
- 5 min de leitura
Atualizado: 25 de set.
Nos últimos dias, um vídeo de Tallis Gomes, empresário brasileiro e fundador de grandes empresas como a G4 Educação e dentre outras, reacendeu um debate no mundo corporativo. Nele, o empreendedor afirma: “Se essa pessoa celebra a morte, ela não pode permanecer na trincheira. Não é apenas indigno. É perigoso.” A fala, parte da campanha "#Demita Extremistas", surgiu após a comoção em torno do assassinato do ativista conservador americano Charlie Kirk, episódio que gerou manifestações extremistas nas redes sociais — incluindo pessoas que comemoraram a morte.
O alerta de Tallis Gomes traz à tona um ponto essencial: não se trata de ideologia, política ou religião. Em uma democracia, é legítimo que as pessoas tenham opiniões divergentes e se posicionem de formas distintas. É importante destacar que não é legítimo demitir alguém apenas por preferências ideológicas, políticas ou religiosas, mas é justificável quando há apologia a crimes ou celebração da morte de outros, pois isso fere a ética e a integridade da empresa.
Perfil de um Extremista
Extremista é aquele que leva qualquer crença, seja política, religiosa ou ideológica, a um ponto de radicalismo que prejudica pessoas, equipes ou o ambiente de trabalho. Qualquer forma de extremismo é nociva: não importa de que lado venha.
No ambiente empresarial, o extremista geralmente se manifesta por meio de atitudes que rompem com o espírito de colaboração. Ele resiste ao diálogo, trata opiniões diferentes como ameaças e tenta impor suas crenças como regra absoluta.
Esse perfil costuma criar grupos internos de oposição, semeia divisões e transforma divergências em conflitos pessoais. Além disso, tende a usar reuniões, redes internas ou até conversas de corredor para propagar hostilidade, muitas vezes com ironias, provocações ou falas que desqualificam colegas.
Em casos mais graves, pode chegar a comemorar tragédias ou justificar atos de violência contra quem pensa diferente. Esse tipo de comportamento não apenas compromete a saúde da equipe e a confiança entre colaboradores, mas também desgasta lideranças e enfraquece a cultura organizacional, trazendo risco direto à reputação e aos resultados do negócio.
No ambiente social, esse perfil aparece em postagens polarizadoras, discursos de ódio, ataques a figuras públicas ou anônimas e até na celebração da morte de pessoas que pensam diferente. O extremista costuma usar as redes para amplificar hostilidade, buscar seguidores para suas ideias radicais e reforçar bolhas de pensamento único.
Fora das redes, essa postura pode se traduzir em conversas intolerantes, rompimento de amizades ou exclusão de quem não compartilha da mesma visão. No campo coletivo, gera ambientes marcados pelo medo, pelo silêncio e pela desconfiança.
Quando esse comportamento transborda para dentro das empresas, o risco é imediato: a imagem pessoal e profissional se confundem, e uma simples publicação pode arruinar a reputação construída por anos, tanto do indivíduo quanto da organização à qual está vinculado.
Leia também em: Transtornos de Personalidade no Trabalho: Como Identificar e Lidar com Comportamentos Tóxicos.
Cultura é Ativo Estratégico — e não Negociável
Nenhuma empresa se sustenta sem cultura. Ela é o cimento invisível que une pessoas em torno de um propósito. Quando alguém dentro da organização rompe essa base e passa a comemorar a morte ou a justificar violência, não estamos mais diante de um “posicionamento político”, mas de um comportamento destrutivo e perigoso.
Esse tipo de atitude gera impactos diretos:
Cultura: corrói valores como respeito, confiança e ética, substituindo a cooperação por hostilidade.
Liderança: enfraquece gestores que, ao se omitirem, são vistos como permissivos ou covardes.
Equipes: cria divisões internas, aumenta o conflito e reduz a colaboração.
Finanças: eleva turnover, gera custos com contratações e treinamentos, reduz produtividade e pode até afastar investidores e clientes preocupados com a reputação da empresa.
Marca: em tempos de redes sociais, um único post de um colaborador comemorando a morte pode manchar a imagem construída por anos.
O Custo da Omissão
Líderes que se calam diante desse tipo de comportamento colocam em risco não apenas a cultura, mas a sobrevivência do negócio. Permitir que alguém faça apologia à violência ou celebre tragédias dentro da empresa é como abrir uma fissura no casco de um navio: pode parecer pequeno no início, mas cedo ou tarde afunda toda a embarcação.
Pessoas que trabalham dentro da sua empresa com este tipo de perfil, podem afetar as finanças, cultura, equipe e liderança e tende a criar um ambiente tóxico, prejudicando a confiança, a colaboração e o bem-estar dos demais colaboradores.
Por isso, advertir ou demitir não é perseguição ideológica — é proteção moral, legal e estratégica. O limite não está nas preferências políticas ou religiosas, mas nos atos que atentam contra a dignidade humana e a segurança da equipe.
A Coragem de Liderar
O verdadeiro teste de liderança aparece nos momentos em que é preciso traçar linhas claras. É legítimo conviver com divergências de opinião; isso, inclusive, enriquece a organização. O que não pode ser tolerado é transformar essa divergência em ódio, apologia a crimes ou celebração da morte de quem pensa diferente. Empresas que prosperam sabem que cultura não se relativiza. Não se negocia respeito, não se negocia ética, não se negocia a vida.
Conclusão
Em tempos em que diversidade e inclusão são bandeiras legítimas, cabe às lideranças ter discernimento:
Diversidade significa unir diferentes vozes para construir.
Inclusão não é permissividade com quem prega violência.
Liberdade de expressão não pode ser confundida com licença para o ódio.
Se a sua empresa não protege sua cultura, ninguém o fará. E quando a cultura morre, o negócio já está morto por dentro.
Leia também em: Posso demitir um funcionário pela conduta fora da empresa?
Referências:
GOMES, Tallis. Perfil no Instagram. Disponível em: https://www.instagram.com/tallisgomes/. Acesso em: 15 set. 2025.
GOMES, Tallis. Não seja um frouxo. Não permita que pessoas que... [Imagem]. Instagram, 12 set. 2025. Disponível em: https://www.instagram.com/p/DOmRXM0Dqio/. Acesso em: 15 set. 2025.
GOMES, Tallis. Não permita que você se engane: estamos vivendo uma guerra brutal entre o bem e o mal. Extremistas entram disfarçados, são engajados ou... [Vídeo]. Instagram, 12 set. 2025. Disponível em: https://www.instagram.com/reel/DOlL77ygJd4/. Acesso em: 15 set. 2025.
GOMES, Tallis. Demita quem celebra a m0rte. #demitaextremistas [Vídeo]. Instagram, 12 set. 2025. Disponível em: https://www.instagram.com/reel/DOjBbuhgM-C/. Acesso em: 15 set. 2025.
G1. Morte de Charlie Kirk: o que se sabe até agora sobre o assassinato do ativista conservador dos EUA. G1, 12 set. 2025. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/09/12/morte-de-charlie-kirk-o-que-se-sabe-ate-agora-sobre-o-assassinato-do-ativista-conservador-dos-eua.ghtml. Acesso em: 15 set. 2025.
Ribas, Raphaela. Extremistas de esquerda comemoram assassinato de Charlie Kirk (e perdem o emprego). Gazeta do Povo, 12 set. 2025. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/extremistas-de-esquerda-comemoram-assassinato-de-charlie-kirk-e-perdem-o-emprego/. Acesso em: 15 set 2025.



Comentários