Organizações Ambidestras: Equilíbrio entre Inovação e Eficiência
- RHEIS Consulting
- 6 de dez. de 2022
- 5 min de leitura
Atualizado: 15 de jul.
Vivemos em um cenário cada vez mais marcado pela volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade — o chamado mundo VUCA. Nesse contexto, o avanço tecnológico impõe constantes transformações no ambiente de negócios, exigindo das empresas mais do que adaptação: exige reinvenção. É aí que entram as organizações ambidestras — empresas capazes de equilibrar a eficiência operacional com a inovação contínua.
O que são Organizações Ambidestras?
Organizações ambidestras são aquelas que conseguem equilibrar, de forma simultânea, dois focos essenciais: a eficiência nas operações atuais e a capacidade de inovar para o futuro. Em outras palavras, elas mantêm a excelência na execução do modelo de negócio já estabelecido, enquanto exploram novas oportunidades, testam soluções e desenvolvem iniciativas inovadoras.
Organizações ambidestras são empresas que conseguem fazer duas coisas ao mesmo tempo: manter o que já funciona bem no dia a dia e, ao mesmo tempo, buscar novidades e inovações para crescer e se adaptar ao futuro. - Mike Reis (CEO RHEIS Consulting).
Esse tipo de organização alia exploração (exploration) - inovação, transformação, adaptação - à explotação (exploitation) - melhoria contínua, controle, estabilidade. Para isso, é necessário cultivar uma cultura organizacional flexível, que estimule a experimentação, o aprendizado e a colaboração entre as equipes.
Tipos de Organizações Ambidestras
O termo “ambidestra” em organizações faz uma analogia à habilidade das pessoas que usam as duas mãos com igual destreza — a direita e a esquerda. Da mesma forma, uma organização ambidestra é aquela que consegue atuar com foco na inovação de um lado, e na manutenção da excelência operacional do outro.
Para ajudar a aplicar esse conceito em diferentes contextos, existem três tipos principais de ambidestria organizacional: estrutural, cíclica e contextual.
1. Ambidestria Estrutural
Nesse modelo, a organização separa suas áreas ou unidades em duas partes distintas: uma focada na eficiência e excelência operacional, e outra dedicada à inovação e experimentação. Cada unidade pode ter sua própria gestão, processos e cultura, mas ambas coexistem dentro da mesma empresa.
2. Ambidestria Cíclica
Aqui, as equipes trabalham de forma sequencial ao longo do tempo. Por exemplo, primeiro o time responsável pela operação tradicional foca em manter e melhorar o negócio, e depois a equipe de inovação entra para implementar mudanças e testar novas ideias. Esse modelo exige maturidade organizacional, pois envolve transições e mudanças no modelo de negócio em ciclos definidos, o que pode ser desafiador.
3. Ambidestria Contextual
Também chamada de ambidestria simultânea, esse modelo acontece quando as mesmas pessoas ou equipes conseguem equilibrar, no dia a dia, tarefas de inovação e de eficiência operacional. Ou seja, elas alternam entre explorar novas ideias e manter a qualidade dos processos atuais. Esse é considerado o maior desafio, pois demanda um ambiente cultural flexível e profissionais preparados para lidar com ambas as funções ao mesmo tempo.
Qual o impacto do conceito de organizações ambidestras para as empresas?
As empresas que adotam o modelo de organização ambidestra ganham uma vantagem competitiva no mercado, além de estarem mais preparadas para se adaptar ao mundo VUCA — caracterizado pela volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade.
Isso significa que a gestão dessas empresas deve equilibrar dois tipos de atuação: a otimização dos recursos existentes e a exploração de novas oportunidades. Em outras palavras, é preciso aprimorar continuamente o que já funciona, ao mesmo tempo em que se abre espaço para inovação e mudanças.
Organizações ambidestras desenvolvem novas tecnologias e soluções tanto de forma incremental quanto por meio de transformações mais radicais, mantendo a qualidade e a produtividade do negócio.
1. Por que ser uma organização ambidestra?
Ser ambidestro traz diversos benefícios. Destaco quatro vantagens que fazem a diferença para essas empresas:
Coerência no desempenho
Maior capacidade de adaptação
Estímulo constante à inovação
Mais eficiência e produtividade
O maior desafio desse modelo é integrar as decisões estratégicas, táticas e operacionais para que trabalhem de forma alinhada.
2. Organizações ambidestras e metodologias
Essas organizações são flexíveis e capazes de se adaptar a diferentes cenários, podendo escolher e combinar modelos, metodologias e práticas conforme a necessidade. O uso de metodologias híbridas — que mesclam métodos ágeis, tradicionais e focados em excelência operacional — é uma estratégia comum. Profissionais do futuro precisam desenvolver agilidade para lidar com essa complexidade e garantir a inovação sem perder a eficiência.
Desafios de ser uma Organização Ambidestra
Embora o modelo ambidestro traga muitos benefícios, ser uma organização ambidestra também apresenta desafios importantes:
Equilibrar dois focos diferentes: Manter a eficiência das operações tradicionais enquanto se dedica à inovação exige um equilíbrio delicado. Muitas vezes, esses dois objetivos competem por recursos, atenção e tempo.
Conflitos culturais: As áreas focadas em inovação e as que cuidam da operação podem ter culturas e formas de trabalhar diferentes, o que pode gerar resistência e dificuldades de integração.
Liderança complexa: Os líderes precisam ser capazes de gerir essa dualidade, apoiando tanto a estabilidade quanto a mudança, e incentivando a colaboração entre equipes com perfis distintos.
Gestão de recursos: Alocar orçamento, pessoas e tempo entre as demandas do dia a dia e os projetos inovadores é um desafio constante.
Adaptação contínua: O ambiente dinâmico exige que a empresa esteja sempre pronta para ajustar sua estratégia e processos, sem perder o foco nos resultados.
Superar esses desafios exige planejamento, comunicação clara e uma cultura organizacional que valorize a flexibilidade e o aprendizado constante.
Conclusão
As organizações ambidestras representam um caminho essencial para que empresas se mantenham competitivas em um mundo marcado por constantes mudanças e desafios. Ao equilibrar a eficiência das operações atuais com a busca contínua por inovação, essas organizações conseguem adaptar-se rapidamente, aproveitar novas oportunidades e garantir sua sustentabilidade a longo prazo.
Embora implementar esse modelo exija esforço e maturidade — especialmente para alinhar estratégias, culturas e processos distintos — os benefícios são claros: maior agilidade, melhor desempenho e um ambiente favorável ao crescimento.
Assim, investir na ambidestria organizacional é, mais do que uma tendência, uma necessidade para empresas que desejam prosperar no cenário dinâmico e complexo do mercado atual.
Sugestão de Livros:
Organizações Exponenciais (Ismail Salim, S.Malone Michael, Van Geest Yuri);
Reinventando as Organizações: Um Guia Para Criar Organizações Inspiradas no Próximo Estágio da Consciência Humana (Frederic Laloux);
Empresas feitas para vencer (Jim Collins);
A organização dirigida por valores (Richard Barret);
Corporate Culture and Performance (John P. Kotter) - English Edition;
Estratégia Seis Sigma. Como a GE, a Motorola e Outras Empresas Estão Aguçando o Seu Desempenho (Peter S. Pande, Robert P. Neuman e Roland R. Cavanaugh);
O Modelo Toyota: 14 Princípios de Gestão do Maior Fabricante do Mundo (Jeffrey Liker);
Empresas feitas para vencer: Por que algumas empresas alcançam a excelência... e outras não (Jim Collins);
Motivação nas Organizações - Nem todos fazem as mesmas coisas pelas mesmas razões (Cecília Whitaker Bergamini);
Vencedoras por opção: incerteza, caos e acaso - Por que algumas empresas prosperam apesar de tudo (Jim Collins).
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