Modelos de Consultoria: Abordagens, Papéis e os Benefícios para o seu Negócio
- RHEIS Consulting

- 16 de fev. de 2024
- 9 min de leitura
Atualizado: 13 de ago.
A consultoria organizacional é uma das práticas mais valiosas para empresas que enfrentam desafios de gestão, estrutura, cultura, desempenho ou mudança. Seja com foco em resolver um problema específico ou promover transformações profundas, a atuação do consultor pode se dar de diferentes maneiras — cada uma com características, limites e potenciais únicos.
Entre os principais estudiosos que investigaram o papel da consultoria nas organizações, Edgar Schein se destaca por sua abordagem centrada na relação entre o consultor e o cliente, e por propor uma tipologia que permanece atual e útil para orientar tanto profissionais quanto empresas.
O que é Consultoria?
Consultoria é um serviço profissional especializado em oferecer diagnóstico, aconselhamento e soluções personalizadas para ajudar organizações a resolver problemas, melhorar processos, desenvolver competências e alcançar seus objetivos estratégicos de forma eficiente e sustentável.
A Consultoria Empresarial foca no negócio como um todo, ajudando a melhorar resultados, estratégias e competitividade no mercado. Já a Consultoria Organizacional concentra-se na estrutura interna da empresa, como cultura, processos, liderança e clima organizacional, buscando mais eficiência e equilíbrio nas relações e no funcionamento interno. Em resumo, Consultoria Empresarial tem foco no negócio e a Consultoria Organizacional, foca nas pessoas e processos internos.
De acordo com Idalberto Chiavenato, consultoria é um serviço de assessoramento e aconselhamento prestado por profissionais, internos ou externos, que visa ajudar a organização a identificar problemas e melhorar sua estrutura e desempenho, agregando conhecimento para facilitar a tomada de decisão e a implementação de soluções (Chiavenato, 2008).
Já Edgar Schein define consultoria como uma relação de ajuda profissional, em que o consultor atua como um facilitador que apoia a organização no diagnóstico de suas dificuldades e no desenvolvimento de suas próprias soluções, valorizando o processo de aprendizado e a participação ativa do cliente. Para Schein, a consultoria é um processo colaborativo que promove mudanças por meio do diálogo e da reflexão conjunta (Schein, 1969; 2009).
Assim, a consultoria vai além da simples entrega de recomendações técnicas, tornando-se uma parceria estratégica que impulsiona o crescimento e a transformação organizacional.
A consultoria interna é realizada por profissionais que fazem parte da própria organização, conhecem profundamente sua cultura, processos e desafios cotidianos, o que facilita a adaptação das soluções; já a consultoria externa é feita por especialistas contratados de fora da empresa, que trazem uma visão imparcial, novas práticas e experiências de diferentes setores, ajudando a empresa a inovar e superar barreiras que muitas vezes são invisíveis para quem está dentro do dia a dia.
Os Três Modelos de Consultoria segundo Edgar Schein
Schein define três modelos clássicos de consultoria com base no tipo de interação entre consultor e cliente, e na forma como o conhecimento e as decisões são compartilhados no processo.
1. Modelo de Especialista
Nesse modelo, o consultor atua como um provedor de conhecimento técnico. A organização identifica uma necessidade ou problema, contrata o consultor com base em sua especialização, e este entrega um diagnóstico e a solução — muitas vezes implementada pela própria empresa. É uma abordagem semelhante à de contratar um engenheiro para avaliar uma estrutura ou um advogado para resolver uma questão legal.
Exemplo prático: Um consultor financeiro contratado para revisar o fluxo de caixa e propor ajustes no orçamento empresarial.
Vantagens: Soluções objetivas e rápidas, alta eficiência técnica e pouca exigência de envolvimento do cliente.
Desvantagens: Pode gerar soluções desconectadas da cultura organizacional, risco de baixa adesão interna às mudanças e o conhecimento não é internalizado pela empresa.
2. Modelo Médico-Paciente
Aqui, o consultor é chamado quando o cliente percebe que há algo errado, mas não sabe identificar claramente a causa. O consultor, então, investiga a situação, realiza diagnósticos e prescreve soluções — como um médico faria com um paciente. O cliente é mais participativo do que no modelo anterior, mas ainda depende da expertise do consultor para compreender e tratar o problema.
Exemplo prático: Uma empresa enfrenta queda de desempenho em suas equipes e contrata um consultor de RH para identificar a origem do problema.
Vantagens: Permite diagnósticos mais complexos, aproxima consultor e cliente e possibilita personalização das soluções.
Desvantagens: Pode haver passividade do cliente, risco de dependência contínua da consultoria e dificuldade de mensuração da efetividade da solução.
3. Modelo de Consultoria de Processo
É o modelo mais valorizado por Schein. Nele, o consultor não traz respostas prontas, mas sim atua como facilitador do processo de reflexão, descoberta e aprendizado organizacional. O objetivo é ajudar o cliente a construir suas próprias soluções, desenvolvendo capacidade crítica e autonomia.
Essa abordagem parte da premissa de que o cliente é quem mais entende da sua realidade — o papel do consultor é ajudar a revelar padrões ocultos, facilitar diálogos e fomentar mudanças estruturantes.
Exemplo prático: Uma consultoria em gestão estratégica que conduz workshops de cocriação com a liderança para repensar cultura, estrutura e prioridades da organização.
Vantagens: Alto engajamento dos envolvidos, geração de aprendizado organizacional e soluções mais aderentes e sustentáveis.
Desvantagens: Processo mais demorado, exige disposição para mudança por parte do cliente e pode gerar desconforto inicial, por tirar as pessoas da zona de conforto.
Outras Abordagens e Diferenciações Importantes
Além dos modelos de Schein, o campo da consultoria oferece outras formas de categorização importantes para a prática profissional e para a tomada de decisão por parte dos clientes.
1. Modelo de Parceria (Peter Block)
Este modelo propõe que a consultoria seja uma relação colaborativa entre consultor e cliente, com foco em confiança mútua e corresponsabilidade. O objetivo não é apenas transferir conhecimento, mas fazer com que o cliente use esse conhecimento de forma eficaz, participando ativamente da construção da solução.
Foco: Relação entre consultor e cliente como cocriadores do processo.
Características:
Parceria genuína e baseada em confiança
Contrato claro sobre papéis e expectativas
Participação ativa do cliente em todas as fases
Etapas: contratação, descoberta, feedback, decisão, implementação
2. Modelo de Consultoria Transformacional
Focado em mudanças organizacionais profundas, esse modelo busca reposicionar a identidade da empresa, trabalhar sua cultura, liderança e propósito, criando condições para evoluções estruturais e sustentáveis. É ideal para organizações que vivem ciclos de transformação ou reinvenção estratégica.
Foco: Mudanças estruturais e culturais de longo prazo.
Características:
Atua sobre cultura, valores, liderança e identidade
Envolve a alta liderança e processos de mudança cultural
Requer ciclos longos e abordagens sistêmicas
3. Modelo de Consultoria Tradicional (ou Técnica)
Esse é o modelo mais comum no mercado. O consultor é contratado como especialista para resolver problemas específicos, com foco na eficiência operacional e técnica. É indicado para situações com escopo claro, metas objetivas e necessidade de rapidez.
Foco: Entrega de soluções objetivas, técnicas e mensuráveis.
Características:
Diagnóstico técnico e plano de ação direto
Foco em resultados concretos de curto prazo
Utilizado em consultorias de gestão, finanças, TI, engenharia
4. Modelo de Consultoria Coach
Neste modelo, o consultor atua como facilitador do desenvolvimento individual, ajudando pessoas (especialmente líderes) a ganharem clareza, confiança e capacidade decisória. A relação é baseada em escuta ativa, reflexão e perguntas poderosas.
Foco: Desenvolvimento pessoal e de lideranças.
Características:
Encontros individuais ou em grupo com foco em metas e autodesenvolvimento
Estimula reflexão, clareza e tomada de decisão
Aplicado em executive coaching, sucessão, onboarding
5. Modelo de Consultoria Participativa (ou Colaborativa)
A consultoria participativa valoriza o envolvimento ativo das pessoas nos processos de diagnóstico e construção das soluções. É indicada para organizações que desejam gerar engajamento, senso de pertencimento e legitimidade nas mudanças.
Foco: Cocriação e engajamento coletivo na solução dos problemas.
Características:
Oficinas colaborativas, escuta ativa e trabalho em grupo
Integra diferentes pontos de vista no processo de mudança
Base em metodologias como design thinking, world café e diálogo apreciativo
Leia também em Gestão Colaborativa: Conceito, Aplicação e Estratégias para o Sucesso Organizacional.
6. Modelo de Consultoria de Desenvolvimento Organizacional (DO)
Esse modelo trata a organização como um sistema vivo em constante evolução. A consultoria atua de forma planejada, ajudando empresas a crescerem de forma consciente, alinhada à sua cultura e estratégia.
Foco: Mudança planejada com abordagem sistêmica.
Características:
Diagnóstico organizacional profundo
Planejamento participativo e desenvolvimento da cultura
Aplicação de modelos integrados de mudança organizacional
Leia também em Desenvolvimento Organizacional: Estratégias para Transformar e Potencializar sua Empresa.
7. Modelo de Consultoria de Intervenção Sistêmica
O modelo sistêmico vê a organização como um conjunto de relações interdependentes. O consultor ajuda a revelar padrões ocultos, tensões e dinâmicas que influenciam comportamentos e resultados.
Foco: Intervenção em padrões relacionais e estruturais.
Características:
Atua como “espelho” do sistema organizacional
Usa teoria dos sistemas, constelações, análise de redes, entre outros
Aprofunda a compreensão dos vínculos e tensões internas
8. Modelo de Consultoria Diagnóstica
Antes de qualquer ação, esse modelo prioriza um diagnóstico profundo da realidade organizacional, com foco em identificar causas raiz. A consultoria diagnóstica é essencial para empresas que buscam intervenções bem fundamentadas e específicas.
Foco: Identificar e entender profundamente o problema antes de propor soluções.
Características:
Fase diagnóstica separada da fase de intervenção
Uso de pesquisas, entrevistas, mapeamentos e análise de dados
Comum em consultorias de clima, engajamento, cultura e desempenho
A seguir, uma tabela que resume os modelos de consultoria:
Fique por dentro:
Na consultoria, o profissional analisa a situação, dá diagnósticos e propõe soluções com base em seu conhecimento técnico. Na mentoria, alguém mais experiente orienta e compartilha vivências para ajudar no crescimento pessoal ou profissional do outro. Já no coaching, o foco está em estimular a pessoa a encontrar suas próprias respostas e alcançar metas, por meio de perguntas e técnicas de desenvolvimento.
Benefícios em Contratar uma Consultoria
Independente do modelo adotado, contar com uma consultoria qualificada traz uma série de benefícios estratégicos para as organizações:
1. Visão Externa e Imparcialidade
O consultor tem uma perspectiva isenta de vínculos emocionais, históricos ou políticos com a empresa. Isso permite questionar o status quo e propor mudanças com mais clareza e coragem.
2. Acesso a Conhecimento Especializado
Consultores acumulam experiência em diversos setores, ferramentas, modelos e desafios. Assim, trazem expertise qualificada e soluções que já foram testadas em outras realidades.
3. Aceleração de Resultados
Ao focar em problemas específicos e contar com metodologias comprovadas, consultorias ajudam a evitar desperdícios de tempo, energia e recursos, aumentando a eficiência operacional e estratégica.
4. Redução de Riscos
Consultores contribuem com análises mais precisas e planos de ação realistas, o que melhora a tomada de decisão e reduz erros estratégicos ou operacionais.
5. Desenvolvimento Interno
Consultorias que atuam com modelos colaborativos (como o de processo) estimulam aprendizado organizacional, desenvolvem lideranças e promovem um legado de mudança que permanece mesmo após o fim do contrato.
6. Foco no Futuro
Muitas empresas estão presas ao dia a dia. Consultores ajudam a olhar para o futuro, antecipar tendências, redesenhar estratégias e pensar a organização de forma mais sistêmica.
Como escolher o Modelo de Consultoria Ideal: Pontos para Reflexão
A escolha do modelo de consultoria mais adequado começa por uma análise honesta e detalhada da situação atual da empresa, considerando diversos fatores que influenciam diretamente o sucesso da parceria consultiva:
1. Qual o nível de complexidade do problema?
Avalie se o desafio é simples e pontual, como uma questão técnica, ou se envolve múltiplas áreas, cultura, liderança e processos interdependentes. Problemas complexos geralmente exigem modelos mais colaborativos e profundos, enquanto questões técnicas podem ser resolvidas por consultoria especializada.
2. A empresa quer uma solução pronta ou está disposta a participar da construção?
Determine o grau de envolvimento esperado. Algumas organizações buscam respostas rápidas e entregas prontas; outras preferem um processo colaborativo que envolva aprendizado e desenvolvimento interno. A disposição para participar da construção influencia diretamente o modelo a ser adotado.
3. Há tempo e maturidade para um processo mais profundo?
Processos transformacionais ou participativos demandam mais tempo, comprometimento e capacidade de reflexão da organização. Se o contexto exige agilidade, pode ser mais adequado um modelo tradicional ou diagnóstico rápido. Também é preciso avaliar se a empresa tem maturidade para sustentar o processo.
4. O desafio é técnico, humano ou estrutural?
Identificar a natureza do problema ajuda a direcionar a abordagem. Questões técnicas requerem especialistas focados em eficiência; desafios humanos (como clima e liderança) pedem metodologias de desenvolvimento; problemas estruturais ou culturais exigem intervenção sistêmica e transformacional.
5. O objetivo é resolver o problema ou transformar a organização?
Se o foco é exclusivamente solucionar um ponto crítico, modelos tradicionais ou diagnósticos são mais indicados. Se a intenção é promover uma mudança cultural, estrutural ou estratégica ampla, modelos participativos, transformacionais ou de desenvolvimento organizacional são mais apropriados. Enfim, a clareza dessas respostas ajuda a alinhar expectativas e escolher o tipo de consultoria mais eficaz para o momento.
Conclusão
A consultoria, quando bem conduzida, é mais do que uma prestação de serviço: é uma parceria estratégica voltada para gerar valor, desenvolver capacidades internas e sustentar o crescimento da organização. Entender os modelos disponíveis e os benefícios que podem ser alcançados é fundamental para empresas que querem crescer com intencionalidade, consciência e consistência.
Mais do que entregar soluções, bons consultores ajudam a fazer as perguntas certas, mobilizar as pessoas e construir caminhos sustentáveis de evolução organizacional.
A RHEIS Consulting é uma consultoria especializada em Gestão Estratégica de Pessoas e Desenvolvimento Organizacional, com foco em transformar desafios humanos e culturais em soluções personalizadas, sustentáveis e orientadas para resultados. Atuamos no mapeamento, diagnóstico e desenvolvimento de fatores que impactam diretamente o clima, o desempenho e a cultura organizacional, com base em metodologias próprias e abordagem colaborativa. Acreditamos na construção conjunta com nossos clientes, promovendo autonomia, consciência e evolução contínua nas organizações. Fale com a gente.
Podcast

Sugestão de Leitura:
A Bíblia da Consultoria: métodos e técnicas para montar e expandir um negócio de consultoria (Alan Weiss);
Odyssey - A Trajetória Do Consultor De Sucesso (Imelda K. Butler, Dr. Shayne Tracy);
Consultor de Ouro: Guia Profissional para a Construção de uma Carreira (Alan Weiss);
Peter Drucker: Melhores Práticas: Como aplicar os métodos de gestão do maior consultor de todos os tempos para alavancar os resultados do seu negócio. (William A. Cohen);
Consultoria (Patrice Stern, Jean-Marc Schoetti).






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