A tática de pular de uma ideia inovadora diretamente para sua execução não é a mais segura. Lançar um produto no mercado sem verificação é, na realidade, muito arriscado. Pode ser que ele não funcione da forma desejada, que os usuários não se identifiquem, ou até que simplesmente não exista demanda.
O melhor a se fazer é validar antes; e uma das técnicas mais eficientes de validação é a prototipagem.
O termo Protótipo vem do grego prótos (= primeiro) e typos (tipo), o que, numa tradução quase literal, significa primeiro tipo ou primeiro modelo. Prototipar – ou ação de gerar um protótipo – é criar uma representação que simula o funcionamento de uma invenção. Não é necessário que a ideia esteja em um estágio avançado para isso. Na verdade, é possível prototipar até um produto que até então só tenha uma funcionalidade, ou um tipo de interação com o usuário.
Em um projeto com várias fases, é interessante fabricar um modelo em cada uma das etapas que surja algo a se testar. Não precisa ser sofisticado; o ideal é que ele seja bem barato – sua função é apenas de avaliação. É a partir dele que as melhorias no produto vão ser feitas. Então há grandes chances de falha, mau funcionamento, ou até reprovação de usuários.
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O nível de proximidade do protótipo com o produto final – chamado de “fidelidade” – pode variar de acordo com o propósito dele. Se ele foi feito para uma verificação mais simples precisa ser diferente do que em uma situação em que a precisão será testada, por exemplo.
Benefícios da prototipagem
Testar a funcionalidade: A materialização torna possível a resposta de questões primordiais sobre o produto. Funciona? Precisa ser ajustado? De que forma?
Testar a usabilidade: Com o protótipo, usuários testam a ideia, interagindo da forma que compete. Esse é o jeito mais eficiente de entender os pontos que funcionam e o que precisa ser melhorado para o produto final ser mais user-friendly possível.
Proporcionar feedbacks: Assim como é possível visualizar e entender como as pessoas utilizam o modelo (e como preferiam utilizar), o protótipo permite que os usuários deem feedbacks mais concretos sobre o produto.
Reduzir riscos: Com tudo que pode ser testado com o protótipo, diminuem as chances de lançar um produto falho, ou pelo qual não exista demanda no mercado.
Diminuir investimento: Sai mais barato investir em protótipos e investigar as falhas do que aplicar muito dinheiro em um produto final que não passou por testes.
Prototipagem
A prototipagem é um processo realizado nos mais diferentes modelos de negócios, com a finalidade de gerar POC (Prova de Conceito) ou Minimum Viable Product (MVP), em português, Mínimo Produto Viável. A ideia é que, com o feedback dos usuários, o produto final tenha mais sucesso entre o público.
Eric Ries em seu livro The Lean Startup (2011), em português "A Startup Enxuta" (2019), define um MVP como uma versão de um novo produto, que permite que times coletem a maior quantidade de aprendizado validado sobre seus consumidores, empregando o mínimo esforço.
Toda atividade que não contribui para se aprender a respeito dos clientes é desperdício. Eric Ries
Para ser um MVP, é preciso certo nível de aproximação – a “fidelidade” – com o produto final. Então, apesar de todos os MVPs serem protótipos, nem todo protótipo é “maduro” o bastante para ser um MVP. Basicamente, o MVP é um produto em desenvolvimento que tem as funcionalidades mínimas definidas e é apropriado para passar por uma avaliação sobre a aceitação do público-alvo.
O MVP trata-se de um conjunto de testes primários feitos com o objetivo de fazer uma validação da viabilidade de um negócio. São diversas experimentações práticas que serão desenvolvidas levando o produto a um seleto grupo de clientes – com a diferença de que não se trata do produto final, mas sim de um produto desenvolvido com o mínimo de recursos possíveis, desde que (em sua totalidade) estes mantenham sua função de solução ao problema para o qual foi criado.
Um MVP é feito para que o empreendedor possa fazer uma validação prática à reação do mercado e à compreensão do cliente sobre seu produto e se ele, de fato, soluciona o problema do consumidor, validando assim suas hipóteses sobre o produto.
É importante deixar claro que o que você constrói deve estar alinhado com a hipótese que você quer testar. O MVP que você precisa para encontrar o cliente certo é diferente do MVP que você precisa para testar se o preço é adequado ou daquele para testar funções específicas do produto. E todas essas hipóteses (e MVPs) mudam com o tempo, conforme os aprendizados.
Os estágios do MVP
Tudo começa com uma ideia ou uma necessidade de mercado. A partir de muita pesquisa, identifica-se que as pessoas têm um problema que pode ser resolvido – ou seja, um produto será construído com base em uma hipótese de como solucionar o problema.
É dessa hipótese que nasce o produto em sua versão MVP: ela só vai ser validada quando os clientes começarem a usar e mostrar seu comportamento. A partir daí, podem acontecer diversos cenários diferentes:
As pessoas gostam do produto e usam do jeito como ele foi pensado;
As pessoas até se interessam, mas têm dificuldade de usar;
As pessoas não gostam do produto e não usam;
As pessoas usam um pouco, mas reclamam que poderia ser melhor se tivesse uma funcionalidade tal.
Tudo isso gera um aprendizado para a próxima versão, que será mais otimizada que a anterior, porque já conta com dados de comportamento dos clientes.
Sugestão de Livros:
A Startup Enxuta (Eric Ries);
Scrum: A arte de fazer o dobro do trabalho na metade do tempo (Jeff Sutherland, J.J. Sutherland);
Design Thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias (Tim Brown);
Inevitável: As 12 forças tecnológicas que mudarão nosso mundo (Kevin Kelly);
Sprint: O Método Usado no Google Para Testar e Aplicar Novas Ideias Em Apenas Cinco Dias (Jake Knapp);
Organizações exponenciais (Michael S. Malone, Salim Ismail, Yuri Van Geest);
Value Proposition Design: Como construir propostas de valor inovadoras (Alex Osterwalder, Greg Bernarda, Yves Pigneur, Alan Smith);
Testing Bussiness Ideas (Alex Osterwalder, David J. Bland);
A jornada do design thinking (Michael Lewrick, Patrick Link, Larry Leifer);
Avalie o que importa: Como o Google, Bono Vox e a Fundação Gates sacudiram o mundo com os OKRs (John Doerr).
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