As empresas que investem em sustentabilidade conquistam vantagem competitiva. Por isso, tornou-se indispensável saber o que é ESG, sigla que se refere a práticas de responsabilidade social, ambiental e de governança.
As práticas socioambientais e de governança ajudam a empresa a se destacar e conquistar vantagem competitiva.
Um dos motivos para essa exigência é a preferência dos consumidores. Segundo um levantamento do IBM Institute for Business Value, 66% das pessoas mudariam seus hábitos de compra para diminuir os impactos ambientais. Além disso, 71% dos colaboradores e dos candidatos a empregos acham que as empresas sustentáveis são mais atraentes.
Sem contar que 48% dos investidores consideram a sustentabilidade ambiental na formação de suas carteiras e 59% pretendem comprar ou vender ativos com base nesses fatores. Diante desses dados, percebe-se que as práticas ESG são importantes para atrair clientes, reter talentos e conseguir aporte de capital — inclusive, Investimento Estrangeiro Direto (IED).
O que é ESG?
A sigla ESG se refere a práticas ambientais (environmental), sociais (social) e de governança (governance). O objetivo é que as empresas adotem essas medidas para terem uma operação mais sustentável, consciente e bem gerenciada.
Para entender o que é ESG, é importante saber o que está contemplado nos 3 pilares:
ambiental: abrange as ações voltadas ao meio ambiente. Alguns dos temas trabalhados são emissão de gases poluentes, aquecimento global, poluição, desmatamento, eficiência energética, gestão de resíduos, biodiversidade e mais;
social: refere-se à responsabilidade social e ao impacto da empresa na sociedade em que ela está inserida. Alguns dos assuntos relevantes são segurança no trabalho, direitos humanos, leis trabalhistas, salário justo, diversidade, satisfação dos clientes, proteção dos dados, relacionamento com a comunidade etc.;
governança: envolve processos, estratégias, diretivas e políticas de gestão das empresas. Alguns exemplos são auditorias internas e externas, combate à corrupção, conduta corporativa, existência de canais de denúncia, respeito aos direitos dos consumidores, transparência dos dados e outros.
Portanto, entender o que é o ESG passa por saber que suas ações são abrangentes. Porém, contribuem para os resultados corporativos em diferentes níveis, justamente por oferecerem benefícios em vários âmbitos.
Ainda é importante mencionar que essas boas práticas estão relacionadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), criados pela ONU. Eles se referem aos 17 macrotemas que representam desafios e vulnerabilidades a serem superados até 2030.
Como surgiu?
Apesar de a preocupação com a sustentabilidade existir há bastante tempo, o termo ESG foi citado no relatório “Who Cares Wins”, de 2004. O documento foi elaborado pelo Pacto Global, da ONU, e pelo Banco Mundial.
Na época, o então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, instigou os presidentes de 50 grandes instituições financeiras a integrarem aspectos ambientais, sociais e de governança no mercado de capitais.
No mesmo período, foi lançado o relatório Freshfield, da Iniciativa Financeira do Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP FI). O documento mostra a importância do ESG para a avaliação financeira de uma organização.
A partir disso, o conceito passou a ser utilizado como sinônimo de sustentabilidade em pesquisas, fóruns de discussão e relatórios. Portanto, também se reflete em credibilidade e reputação para as empresas.
ESG e capitalismo de stakeholder: qual a relação?
O capitalismo de stakeholder consiste na geração de valor econômico com respeito a questões ambientais, sociais e de governança corporativa. Portanto, esse conceito tem relação direta com o que é o ESG.
Nesse modelo, a empresa continua tendo o objetivo de lucrar. No entanto, ela busca dividir os seus resultados para além dos acionistas — prática chamada capitalismo de shareholders — com o propósito de desenvolver toda a sociedade.
Por isso, é uma nova forma de fazer negócio, na qual as empresas têm responsabilidade e comprometimento com o mercado e seus:
consumidores;
fornecedores;
comunidades vizinhas;
colaboradores;
governos;
organizações da sociedade civil;
mídia;
investidores.
Isso deixa claro que, mais do que uma ação social e ambientalmente correta, implementar as boas práticas de ESG traz benefícios financeiros ao negócio, o que pode ser confirmado por diferentes pesquisas.
a consultoria The Boston Consulting Group mostrou que empresas com melhor desempenho em ESG têm margens de valorização mais altas;
a Global Network of Director Institutes (GNDI) indicou que 85% dos entrevistados acreditam que o foco em ESG, sustentabilidade e geração de valor para os stakeholders será maior no longo prazo;
a consultoria McKinsey sinalizou que 83% de líderes executivos e profissionais de investimento acreditam que as práticas ambientais, sociais e de governança aumentem o valor para os acionistas no prazo de 5 anos;
a consultoria e auditoria PwC destacou que 57% dos ativos de fundos mútuos na Europa participarão de investimentos que adotam critérios ESG até 2025, representando um montante de 8,9 trilhões de dólares;
o mesmo relatório da PwC mostrou que 77% dos investidores institucionais pretendem parar de adquirir produtos não ESG em dois anos.
Ou seja, as companhias precisam modificar seus modelos de negócios, se quiserem conquistar vantagem competitiva. Caso contrário, poderão ter problemas, como a perda de receitas, o boicote de consumidores e a obsolescência.
Como os padrões de ESG são medidos?
O ESG é bastante abrangente, mas pode ser dividido em vários temas. A partir disso, diferentes indicadores podem ser selecionados para mensurar o nível de engajamento da empresa com cada um dos itens analisados.
Ainda assim, as informações não são financeiras, em sua maior parte. Portanto, pode parecer difícil mensurar o efeito positivo das boas práticas. Especialmente, porque não existe um padrão a seguir.
Vários frameworks podem ser usados. Eles consistem em conjuntos de indicadores que sinalizam o nível de comprometimento da empresa com as práticas ESG. Entre as possibilidades estão:
Global Reporting Initiative (GRI);
Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD);
Climate Disclosure Standards Board (CDSB);
Sustainability Accounting Standards Board (SASB);
International Integrated Reporting Council (IIRC);
International Organization for Standardization (ISO 14001);
The Prince’s Accounting for Sustainability (A4S).
No entanto, a falta de um padrão internacional dificulta a análise da empresa para saber se ela realmente adota práticas ESG. Isso gera o chamado greenwashing, que vamos explicar melhor em seguida.
No Brasil, o mercado criou alguns índices para medir o ESG nas empresas. Inclusive, a bolsa de valores brasileira, a B3, criou alguns deles, especialmente, para avaliar os fundos de índices (ETFs) voltados para as práticas sustentáveis. Os principais indicadores são:
Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3): analisa dados de desempenho sustentável a partir de eficiência econômica, justiça social, equilíbrio ambiental e governança corporativa;
Índice de Governança Corporativa (IGCT): sinaliza as empresas mais engajadas na governança. De modo geral, elas são mais transparentes e estão listadas na B3 como Novo Mercado, níveis 1 ou 2;
Índice S&P/B3 Brasil ESG: abrange as empresas que integram o S&P Brazil Broad Market Index (BMI). Para fazer parte dessa lista, a companhia deve ser elegível para investimentos estrangeiros, aderir ao Pacto Global da ONU e não integrar os setores tabagista, carvoeiro e armamentista. É um indicador completo, porque pontua todos os pilares do ESG a partir dos critérios da S&P Dow Jones Indices;
Índice Carbono Eficiente (ICO2): foi criado em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com o objetivo de medir o nível de engajamento das empresas com as questões de aquecimento global. Essas empresas integram o IBrX-50, que envolve as organizações comprometidas com a redução da emissão de gases de efeito estufa.
Qual a importância do ESG dentro de uma empresa?
Como já mostramos, existe uma exigência dos próprios consumidores em comprar produtos e serviços de empresas com responsabilidade socioambiental. Por sua vez, a governança corporativa reúne boas práticas para destacar a organização perante a concorrência e alinha seus interesses às exigências dos órgãos de fiscalização.
Portanto, esses três pilares contribuem para uma empresa mais ética e comprometida com a agenda mundial. Sem contar que também garante redução de custos, fidelização dos clientes e aumento do lucro a médio e longo prazo.
Um exemplo bem simples é a gestora de investimentos americana BlackRock. Em anúncio divulgado por meio de uma carta aberta, o CEO Larry Fink informou que os investimentos em setores que usam muito o carbono seriam interrompidos. O objetivo é trocá-los por outras aplicações, voltadas para companhias mais sustentáveis.
No Brasil, as iniciativas ainda são pequenas. Porém, os CEOs de 38 grandes companhias e 4 entidades setoriais enviaram uma carta ao vice-presidente Hamilton Mourão cobrando ações mais consolidadas no combate ao desmatamento. É um começo, mas ainda há espaço para a adoção dessas práticas.
No mundo dos investimentos, isso representa uma companhia mais sustentável, que adota boas práticas de gestão corporativa. Por esse motivo, tende a oferecer um retorno melhor no futuro. Além disso, você já viu que essa tende a ser a preferência dos grandes investidores — e eles determinam muito do comportamento de outras pessoas que aplicam seus recursos financeiros.
Portanto, essa também é uma oportunidade para quem deseja aplicar seu dinheiro no exterior ou conseguir aporte de capital. Por exemplo, é a chance de focar na importância de investimentos para sua startup com a finalidade de expandir o mercado e aumentar o market share.
Quais são as vantagens do ESG?
As práticas voltadas para o conceito de ESG trazem vários benefícios para empresas, investidores e todos os interessados. No ambiente corporativo, as vantagens são significativas, especialmente quando a empresa se compromete com as melhores práticas.
Além da vantagem competitiva, outros aspectos positivos podem ser citados. Entre eles estão os que citamos a seguir.
1. Lucratividade
Aplicar o que é o ESG exige um controle bem adequado das finanças corporativas. Ao fazer esse monitoramento e com a real adoção das boas práticas, há uma significativa redução de custos operacionais.
Um dos fatores que levam a isso são os ganhos de produtividade. Isso porque a equipe tem uma atuação mais estratégica e bem direcionada, com fluxos de trabalho estruturados. Ao mesmo tempo, há engajamento dos colaboradores, diminuição do turnover (rotatividade de talentos) e geração de economia.
Tudo isso aumenta a lucratividade. Basicamente, esse é um indicador de eficiência operacional que mostra quanto a sua empresa gera sobre o trabalho desenvolvido. Ou seja, consegue-se agregar valor e reduzir custos para melhorar os resultados da empresa e torná-la mais atrativa a potenciais investidores.
2. Imagem
Aqui, estamos falando de reputação. Como a empresa adota práticas mais sustentáveis e éticas, destaca-se no seu setor de atuação. Isso gera valor para os investidores e atrai potenciais clientes devido à demonstração de que a preocupação da empresa não reside, apenas, no lucro.
Isso é muito importante devido ao chamado brand equity, ou valor de marca. Da mesma forma, contribui para o digital branding, a fim de que sua empresa fique mais bem posicionada e consiga chamar a atenção dos interessados que fazem sentido para o seu negócio, sejam clientes, sejam fornecedores, investidores, colaboradores etc.
3. Redução de riscos
Existe um foco cada vez maior nas ações sustentáveis e com responsabilidade social. Portanto, entender o que é o ESG e implementá-lo no seu negócio é sinônimo de atender às questões legais e regulatórias, reduzindo o risco de penalizações em fiscalizações.
Por exemplo, sua empresa diminui a chance de ser multada por danos causados ao meio ambiente. Ao mesmo tempo, isso gera valor para o negócio, já que se afastam quaisquer problemas relacionados à reputação.
O que é greenwashing e por que evitar?
Junto ao conceito de ESG, vem o chamado greenwashing. Esse termo é utilizado para designar as empresas que divulgam dados e informações suspeitos e/ou falsos sobre as boas práticas adotadas. O objetivo é convencer investidores de que a companhia é preocupada com as questões socioambientais e de governança.
Esse problema é tão comum que a Europa criou o Sustainable Finance Disclosure Regulation (SFDR), um setor que regula a transparência na divulgação desses dados. Dessa forma, tenta-se evitar a divulgação de notícias falsas.
Um exemplo de greenwashing é quando uma instituição financeira informa que adota práticas amigas do meio ambiente. No entanto, financia indústrias de combustíveis fósseis. Outra possibilidade são as empresas da moda, que podem utilizar trabalhos análogos à escravidão.
Diante desse cenário, fica claro que é importante evitar o greenwashing. Existem dois principais motivos para isso:
os consumidores sabem. É fácil procurar informações na internet e quem é engajado busca saber exatamente o que as empresas fazem. Com o greenwashing, há críticas contundentes, que são levadas para as redes sociais e podem viralizar de forma negativa;
a imagem da marca fica prejudicada. Limpar essa má impressão pode levar tempo e causar danos à vantagem competitiva do negócio. Isso interfere na conquista de investimentos e na atração de clientes, já que leva ao boicote dos consumidores.
Portanto, saber o que é ESG é uma forma de se destacar perante a concorrência e valorizar a sua empresa.
A importância da reciclagem no ESG - Conheça a eureciclo
As empresas que adotam o selo eureciclo, manifestam seu compromisso com o cumprimento da logística reversa. Outro ponto importante é comunicar essa iniciativa através da impressão de um dos nossos selos em suas embalagens.
Investir na reciclagem é transformar a realidade de centenas de vidas, garantindo que o meio ambiente não sofrerá os danos da destinação incorreta dos resíduos. A logística reversa, um instrumento previsto pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, atua justamente para reinserir embalagens pós-consumo e demais resíduos no ciclo de produção, da mesma empresa ou em outros ciclos.
Dessa forma, os resíduos têm um melhor aproveitamento e ainda geram renda para os verdadeiros heróis da reciclagem, responsáveis pela triagem e coleta dos resíduos pós-consumo. Ainda tem dúvidas de que essa boa prática se relaciona diretamente aos aspectos ambientais e sociais?
Vejamos, por exemplo, qual seria o impacto inverso, o de não reciclar. A disposição inadequada de resíduos recicláveis pode:
gerar a contaminação da água, tornando-a impotável;
degradar cidades;
poluir o solo, com a possibilidade de torná-lo infértil;
entupir galerias pluviais, provocando alagamentos;
reduzir a vida útil do aterro sanitário;
aumentar a proliferação de pragas nas comunidades próximas ao aterro.
Há diversas consequências de não reciclar, que causam danos não só ao meio ambiente, mas também às pessoas. Por isso, percebemos a relação direta da reciclagem e da logística reversa com a pauta ESG!
Reciclar e investir na logística reversa é contribuir com o acréscimo de renda às cooperativas operadores de reciclagem e com a conservação de rios, florestas e solos. Outra oportunidade para sua empresa é colaborar também com a conscientização ambiental de consumidores e demais públicos.
Conforme, a 8ª edição da Pesquisa FEBRABAN-IPESPE, Federação Brasileira dos Bancos e Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas, respectivamente, 53% dos brasileiros entrevistados reutilizam materiais, dando novas utilidades ao que seria descartado; 52% já separam o lixo reciclável e 49% reduzem o uso de materiais descartáveis.
O resultado da pesquisa demonstra um avanço da consciência ambiental, mas reforça que metade dos entrevistados ainda carecem de informações e estímulos para fazerem sua parte e reciclarem mais!
1. Uma prática ESG para sua empresa: conheça a compensação ambiental
Para comprovar a logística reversa e comunicar o engajamento da sua empresa com a reciclagem, o mecanismo de compensação ambiental é uma ótima saída! Com a compensação ambiental, sua empresa possui a segurança de que um percentual equivalente das embalagens comercializadas será encaminhado à reciclagem.
A eureciclo, atua como uma certificadora de logística reversa de embalagens pós-consumo, e utilizamos a tecnologia blockchain, que permite a leitura de notas fiscais dos mais diferentes sistemas de logística reversa, com a escrituração, custódia e registro das notas fiscais. As notas fiscais são emitidas a partir da venda de materiais recicláveis das cooperativas e operadores homologados para os recicladores finais, comprovando que houve o investimento das empresas contratantes diretamente na valorização da cadeia de reciclagem.
Desse modo, com as notas fiscais e menção nos relatórios oficiais dos estados atuantes, sua empresa estará em conformidade com a legislação ambiental, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que impõe a meta de que ao menos 22% das embalagens devem ser recicladas.
Além desse aspecto de segurança, sua empresa poderá comunicar aos consumidores o engajamento com a reciclagem por meio do selo eureciclo. Ao estampar o selo nas suas embalagens, essa será mais uma forma de engajar e conscientizar seu público-alvo sobre a importância do descarte correto dos resíduos.
O selo eureciclo indica então que aquela embalagem será compensada, ou seja, uma outra do mesmo material (papel, plástico, vidro ou metal) será reciclada na mesma região, diminuindo o impacto no meio ambiente.
O resultado é igualmente satisfatório para o meio ambiente, já que ele não reconhece se a garrafa reciclada é da marca X ou Y. O importante é colocá-la de novo no ciclo produtivo. Vale lembrar que cada vez mais os consumidores reconhecem e optam por marcas que investem no desenvolvimento da cadeia de reciclagem do Brasil.
Quer saber mais sobre a eureciclo? Entre em contato com a gente.
Baixe gratuitamente o e-book do Sebrae sobre ESG.
O que é a sigla ESG? A sigla ESG se refere a ambiental (environmental), social (social) e governança corporativa (governance).
O que é prática ESG? As práticas ESG são voltadas para as questões socioambientais e de transparência da gestão. Desse modo, a empresa mostra que está preocupada com mais critérios, além do lucro.
Sugestão de Livros:
ESG: O presente e o futuro das empresas (Ricardo Ribeiro Alves);
ESG, Interesse Social e Responsabilidade dos Administradores de Companhia (Carlos Martins Neto);
ESG: O Cisne Verde e o Capitalismo de Stakeholder 2º edição (Juliana Oliveira Nascimento);
Implementando Práticas ESG : Um guia para pequenas e médias empresas - eBook Kindle (Elizete Paes);
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